Em tempos de listas e balanços, os nossos autores apresentam escolhas cinematográficas para todos os gostos, tentando suscitar a curiosidade para 2024.
10 filmes favoritos vistos em 2023
Katatsumori (1994) – Naomi Kawase
Battleship Potemkin (1925) – Sergei Eisenstein
Possession (1981) – Andrzej Żuławski
Casablanca (1942) – Michael Curtiz
Frances Ha (2012) – Noah Baumbach
Cinema Paradiso (1988) – Giuseppe Tornatore
It’s Such a Beautiful Day (2012) – Don Hertzfeldt
Solaris (1972) – Andrei Tarkovsky
Aftersun (2022) – Charlotte Wells
Numéro Deux (1975) – Jean-Luc Godard
Catarina Gerardo
10 filmes vistos em 2023 e que levo na mala para o resto da vida
2023 foi marcado pelo cinema do mestre japonês Ozu, com o qual nunca tinha tido grande proximidade. Foi uma relação de carinho que se criou e que mudou para sempre a forma como olharei para cinema daqui para a frente. O alemão Wim Wenders, por sua vez, permitiu-me debruçar mais neste fascínio em torno do Japão e do cinema de Ozu com o seu documentário dos anos 80, Tokyo Ga, e, ainda, com a sua nova longa-metragem, Perfect Days.
Saídos fresquinhos este ano e que me arrebataram o coração: Poor Things, de Yorgos Lanthimos, e o vencedor da Palma de Ouro em Cannes, Anatomie d’une Chute, são, para mim, as obras-primas de 2023.
Dezembro foi o meu mês mais cinemático do ano, vi muita muita coisa em sala e ainda na minha sala. Na primeira, destaco a restauração do The Piano, da Jane Campion, e no quentinho do lar, o 3 Women, de Robert Altman.
Regressando ao início do ano, em jeito de flashback, 2023 foi sinónimo de fazer as pazes com Paul Thomas Anderson através de Magnolia e Boogie Nights. E foi ainda o ano que descobri o meu filme preferido do Miyazaki: Ponyo. What a year!
お早よう/Bom Dia (1959), Yasujiro Ozu
東京物語/ Viagem a Tóquio (1953), Yasujiro Ozu
Tokyo-Ga (1985), Wim Wenders
Perfect Days (2023), Wim Wenders
Poor Things (2023), Yorgos Lanthimos
Anatomia d’une Chute (2023), Justine Triet
The Piano (1993), Jane Campion
3 Women (1977), Robert Altman
Magnolia (1999), Paul Thomas Anderson
崖の上のポニョ/Ponyo à Beira-mar (2008), Hayao Myazaki
Inês Moreira
10 filmes de 2023 que levo para 2024
Samsara (2023), Lois Patiño
Tár (2022), Todd Field
Aftersun (2022), Charlotte Wells
Mato Seco em Chamas (2022), Joana Pimenta, Adirley Queirós
Corsage (2022), Marie Kreutzer
Perfect Days (2023), Wim Wenders
Super Natural (2022), Jorge Jácome
Saint Omer (2022), Alice Diop
Cerrar los Ojos (2023), Victor Erice
Man in Black (2023), Wang Bing
João Garcia Neto
10 filmes vistos em 2023 que levarei comigo.
Afire (2023), Christian Petzold
por desviar-se dos atalhos
Fallen Leaves (2023), Aki Kaurismäki
pela simplicidade
Man in Black (2023), Wang Bing
pela potência da performance
Le grand chariot (2023), Philippe Garrel
pela gentileza do gesto-carrossel
Reality Bites (1994), Ben Stiller
contra todas as expectativas, e pelas dores de crescimento
Aftersun (2022), Charlotte Wells
pelo murro sussurrado e for he’s a jolly good fellow
Retratos Fantasmas (2023), Kleber Mendonça Filho
pela cartografia afetiva
A Woman Under the Influence (1974), John Cassavetes
pelo cinema da empatia e o génio de Gena Rowlands
Balada de um Batráquio (2016), Leonor Teles
pelo gesto punk do estilhaço
Beau is Afraid (2023), Ari Aster
pela cacofonia oportuna
Kenia Nunes
Os 10 filmes que vou levar para o resto da minha vida.
- Aftersun (2022), Charlotte Wells
- Arsenic and Old Lace (1944), Frank Capra
- My Blueberry Nights (2007), Wong Kar-wai
- This Is Not a Film (2011), Jafar Panahi
- Howl’s Moving Castle (2004), Hayao Miyazaki
- Hiroshima Mon Amour (1959), Alain Resnais
- Sullivan’s Travels (1941), Preston Sturges
- I Married a Witch (1942), René Clair
- To Be or Not to Be (1942), Ernst Lubitsch
- Past Lives (2023), Celine Song
Amores falhados, questões parentais, magia, censura, sátiras. Viajei de Salem no século XVII até Nova Iorque em 2023. Caminhei pela terra, mas também pelo céu – em um enorme castelo andante. Os títulos escolhidos para essa lista foram aqueles que reacenderam algo dentro de mim, incomodaram-me. Ansiando pelo o que está por vir.
Lílian Lopes
10 filmes que definiram o meu 2023
Aftersun (2022), Charlotte Wells
Asteroid City (2023), Wes Anderson
The Boy and the Heron (2023), Hayao Miyazaki
Amiko (2022), Yusuke Morii
Past Lives (2023), Celine Song
House (1977), Nobuhiko Obayashi
The Color of Pomegranates (1969), Sergei Parajanov
Joyland (2022), Saim Sadiq
Hiroshima Mon Amour (1959), Alain Resnais
Ice Merchants (2022), João Gonzalez
Margarida Rodrigues
10 filmes vistos e revistos em 2023:
Funeral Parade of Roses (1969) – Toshio Matsumoto
The House Is Black (1963) – Forugh Farrokhzad
News From Home (1976) – Chantal Akerman
Persona (1966) – Ingmar Bergman
Cléo from 5 to 7 (1962) – Agnès Varda
Oldboy (2003) – Park Chan-wook
Contempt (1963) – Jean-Luc Godard
Spirited Away (2001) – Hayao Miyazaki
Mouchette (1967) – Bresson
La Jetée (1962) – Chris Marker
Maria Mendes
10 filmes que me acompanharam em 2023
Retratos fantasmas (2023) Kleber Mendonça Filho
Narita: Peasants of the Second Fortress (1971) Shinsuke Ogawa
A Casa, a Verdadeira e a Seguinte, Ainda está por fazer (2018) Sílvia das Fadas
A Lei da Terra (1977) Grupo Zero
Not a Penny On The Rents (1968) Cinema Action
Blight (1966) John Smith
Revolução (1975) Ana Hatherly
Scenes From a Class Struggle in Portugal (1977) Robert Kramer
Paredes Pintadas da Revolução Portuguesa (1976) António Campos
As armas e o Povo (1975) Colectivo de Trabalhadores da Actividade Cinematográfica
Obrigada à Filmes do Gerador, Pedro Gavina Maia e equipa, e à Casa da Achada pela curadoria e pelo serviço público que fazem.
Mariana Pancada
10 filmes vistos pela primeira vez ou com outros olhos em 2023
A Moment of Innocence (1996) Mohsen Makhmalbaf
Ali: Fear Eats the Soul (1974) Rainer Werner Fassbinder
All the Beauty and the Bloodshed (2022) Laura Poitras
Retratos Fantasmas (2023) Kleber Mendonça Filho
La Pudeur ou l’Impudeur (1992) Hervé Guibert
The Night Cleaners (1975) Berwick Street Film Collective
Master Gardener (2022) Paul Schrader
Mariphasa (2017) Sandro Aguilar
Sol do Futuro (2023) Nanni Moretti
48 (2010) Susana de Sousa Dias
Ricardo Fangueiro
10 filmes sísmicos de anos passados, vistos pela primeira vez este ano (por ordem cronológica)
霧の音/O Som do Nevoeiro, (1956), Hiroshi Shimizu
-Por causa do plano em que Onuma acompanha a filha da sua amada pelo nevoeiro, enquanto na verdade ela é que o acompanha em passo fraterno porque dá tanta importância às nucas como dá às caras.
There’s Always Tomorrow, (1956), Douglas Sirk
-Porque a partir dum amor falhado por forças cósmicas, Douglas Sirk estabelece provavelmente o plano mais apocalíptico da história do cinema (o do avião em voo).
India: Matri Bhumi, (1959), Roberto Rossellini
-Porque a partir de uma desconstrução da hierarquia humano/animal, em 90 minutos Rossellini consegue refratar por um prisma todo o cosmos vivo até este se encontrar completamente atomizado. E mesmo assim, depois deste gesto colossal, propõe a si mesmo (e não desiste até cumprir) a tarefa hercúlea de o reunir de novo numa inteireza orgânica.
La Femme de l’aviateur, (1981), Éric Rohmer
-Por causa da obsessão forte o suficiente que leva cada um a dar mil voltas ao mesmo quarteirão (e como Rohmer depois a tranca num claustrofóbico apartamento parisiense).
Amor de Perdição, (1978), Manoel de Oliveira
-Porque ao manter (praticamente) todo o texto de Camilo Castelo Branco na banda sonora do filme, Oliveira procede a aventurar-se num desconhecido ainda não explorado: o de filmar o interstício entre as frases.
Vengeance Is Mine, (1983), Michael Roemer
-Porque imediatamente, após ver o filme pela primeira vez, me apercebi que existiam muito poucos filmes que amava mais que este
Histoire(s) du cinéma, (1998), Jean-Luc Godard
– (Roubando as palavras de Daney sobre o filme) porque “O cinema procurava uma coisa, a montagem, e era dessa coisa que o homem do século XX tinha uma necessidade terrível”
Noite Escura (Director’s Cut), (2004), João Canijo
-Porque mesmo no clímax de uma tragédia grega, Canijo dá igual atenção às prostitutas de um bar da beira interior portuguesa.
Soft Palate, (2011), Martin Arnold
-Porque é dos filmes mais profundos sobre a natureza da película cinematográfica (e o ato de fixação na mesma). E também porque é dos filmes mais aterrorizadores que já vi.
Tip Top, (2013), Serge Bozon
-Por muitas coisas… Porque as mulheres de Bozon querem, parafraseando-o, “destruir tudo apenas por felicidade”. Por causa do nariz de Huppert que sangra. Por causa das atuações virtuosas (se calhar a melhor de Huppert). Por causa do fim. Por causa da perversidade. Por causa de tudo o que não é perverso. Pelo curto aparte da dança no canto de um bar. Por causa do tratamento singelo do tópico político. Pelo seu amor por narrativa e pela destruição da mesma, também “por felicidade”. Por causa da cena final. Por causa da apreciação da musicalidade das palavras tanto quanto o seu significado. Porque é perfeito
Vasco Muralha
10 filmes que vi antes dos 10 anos — através dos quais ainda hoje me projecto
Ver cinema, para mim, teve sempre a ver com uma transgressão. Na minha infância falava-se muito de cinema e eu sentia que era necessário ver aqueles filmes para poder ter uma voz à mesa dos adultos (depois vim a descobrir que nem todos os adultos viam cinema). Por vezes tratavam-se de filmes que ainda não eram adequados para a minha idade, o que me obrigava a vê-los às escondidas, criando uma relação muito pessoal de transgressão e conquista com alguns filmes.
Esta lista, surge como constelação cinematográfica da minha infância, antes de um olhar cinéfilo, que convido a visionar, sem perder de vista o conjunto e as relações que convido a estabelecer entre cada filme.
- Bugsy Malone (1976), Allen Parker
- Adeus, Pai (1996), Luís Filipe Rocha
- Lo chiamavano Trinità (1970) Enzo Barboni
- The Doors (1991), Oliver Stone
- Billy Elliot (2000), Stephen Daldry
- A Perfect World (1993), Clint Eastwood
- Terminator 2: Judgment day (1991), James Cameron
- Cinema Paradiso (1990), Giuseppe Tornatore
- Sideways (2004), Alexander Payne
- The Godfather: Part III (1991), Francis Ford Coppola
Sebastião Casanova
O Que o Cinema Ensinou
Aos Nossos Amores – Maurice Pialat (1983)
Para desaprender o que chamamos Amor.
Em Chamas – Lee Chang-Dong (2018)
Para aprender a queimar.
Ninotchka – Ernst Lubitsch (1939)
Para aprender a rir.
O Homem-Pykante – Edgar Pêra (2018)
Para aprender a brincar com os génios.
In Water – Hong Sang-soo (2021/2023)
Para perceber que sonhamos desfocado.
E a Vida Continua – Abbas Kiarostami (1992)
Para aprender a continuar mesmo quando não há caminho.
Ursos Não Há – Jafar Panahi (2022)
Para aprender a voltar para trás.
Meio-Dia – Helena Solberg (1970)
Para ver que a revolução é das crianças.
A Casa, a Verdadeira e a Seguinte, Ainda Está Por Fazer – Sílvia das Fadas (2018)
Para aprender que habitar é co-habitar.
In The Stone House – Jerome Hiler (2012)
Para construir sonhos de pedra.
Diogo Albarran
O Cineblog