Dias Mágicos
Participar da Berlinale foi uma das experiencias mais marcantes, não só do meu mestrado na FCSH, mas de toda a minha trajetória no audiovisual. Desde a primeira vez que visitamos o Belrinale Palatz, fiquei impressionado com a infraestrutura do festival, percebendo, imediatamente, a sua forma única de conduzir as pessoas (locais e estrangeiras) para as salas de cinema. Em um contexto histórico onde a experiencia de cinema está cada vez mais individualizada, foi um alento redescobrir sua força enquanto vivência coletiva.
As conferências de imprensa também foram uma importante fonte de aprendizagem. Além da oportunidade única de estar com os ídolos em carne e osso (destacaria a presença do realizador americano Martin Scorsese e do ator conterrâneo Paul Dano), ouvi-los falar sobre seus respectivos processos foi um complemento precioso no momento de pensar e elaborar os textos sobre os filmes. A entrevista com a cineasta Margarida Gil aprofundou muito da minha percepção sobre sua longa-metragem Mãos no Fogo, presente na seção Encounters.
O press lounge do Palácio foi praticamente nossa segunda casa no festival, onde estivemos individualmente e, em grupo, para exercitar nossa escrita e análise fílmica. O desafio de escrever com rapidez e concisão sobre os filmes foi intimidador a princípio, mas, aos poucos, tornou-se mais fluido e orgânico. A maturação desses processos teve como elemento indispensável o apoio da equipe do Cineblog, além dos professores e colegas, que me inspiraram com suas palavras e inúmeros gestos de generosidade.
Apesar de não ter assistido Dahomey, longa-metragem da realizadora franco-senegalesa Mati Diop que venceu o Urso de Ouro, percebi desde logo ele como um forte candidato ao prêmio devido a sua importância histórica e ao perfil do júri deste ano, presidido pela atriz quênio-mexicana Lupita Nyong’o. Por mais contente que tenha ficado com a condecoração de Hong Sang-Soo com o Urso de Prata, não se compara a alegria de acompanhar a brasileira Juliana Rojas levar para casa o prêmio de Melhor Direção na secção Encounters por Cidade; Campo.
Segue abaixo a lista dos filmes mais impactantes que assisti durante o festival:
- A Traveler’s Needs, de Hong Sango-Soo (2024)
- The Strangers’ Case, de Brandt Andersen (2024)
- Seven Veils, de Atom Egoyan (2024)
- Cidade; Campo, de Juliana Rojas (2024)
- Made in England: The films of Powell and Pressburger, de David Hinton (2024)
*O presente texto encontra-se escrito em português do Brasil.
[Foto em destaque: Juliana Rojas (Cidade; Campo), vencedora do Prémio Melhor Realização na Secção Encounters, com o seu troféu, após a cerimónia de entrega de prémios © Direitos Reservados]
Alexandre Bispo