O cinema de animação volta a ser o centro das atenções na 23ª edição do Festival MONSTRA, que decorrerá entre os dias 7 e 17 de março. As sessões terão lugar no Cinema São Jorge, na Cinemateca, no Cinema Fernando Lopes, no Cinema City Alvalade, e ainda no Museu da Marioneta, com a exposição “Três Famílias”.
Sob a alçada do diretor artístico Fernando Galrito, a edição deste ano tem o lema “Liberdade de Expressão”, numa celebração dos 50 anos do 25 de Abril, que contará com a estreia absoluta do filme A Revolução, filme realizado coletivamente por alunos de escolas de todo o mundo, que revela como estas gerações interpretam hoje a democracia e o seu significado. Haverá ainda a masterclass intitulada “Liberdade de Expressão – Poética do movimento em tempos de ditadura e liberdade”, dada por José Xavier, um dos nomes mais importantes da animação portuguesa, e um debate com os desenhadores Cristina Sampaio, André Carrilho, Nuno Saraiva e José Bandeira e o crítico Pedro Mexia.
Ao longo dos 11 dias de programação, o festival contará com cerca de 400 filmes, distribuídos pelas secções competitivas e secções paralelas. Nestas últimas, há a destacar o foco dado ao cinema de animação da Irlanda, representado por um dos seus maiores estúdios, Cartoon Saloon, com a presença do seu co-fundador Tomm Moore (também autor das ilustrações dos cartazes da MONSTRA) e exibição de quatro longas-metragens, todas nomeadas para o Óscar de Melhor Filme de Animação nos seus respetivos anos: Brendan e o Mundo Secreto de Kells (2009); A Canção do Mar (2014); Wolfwalkers (2020); e A Ganha-Pão (2017). O irlandês dará ainda uma masterclass intitulada “Do caderno de esboços ao ecrã”.
Ainda neste foco, o realizador Aidan Hickey será homenageado com a exibição de várias curtas-metragens da sua autoria, como, por exemplo, An Inside Job (1987). Fora deste âmbito, será dedicada uma retrospetiva a Don Bluth, antigo desenhador do estúdio Disney, na qual serão mostrados os filmes Em Busca do Vale Encantado (1989) e Todos os Cães Merecem o Céu (1989); e, também, a Jimmy Murakami, com a exibição do clássico Quando o Vento Sopra (1986) e de várias curtas-metragens suas. É relevante, ainda, mencionar as secções paralelas Dokanim, com filmes documentais, Jazzanim, com filmes relacionados com o género musical, Terroranim, com filmes de terror, e TripleX, com filmes de teor erótico.
Já nas secções competitivas, a Competição de Longas apresentará 7 filmes de vários cantos do mundo, como China, Chéquia, Índia e França. Há que destacar a co-produção portuguesa – Mataram o Pianista, sobre a investigação de um jornalista americano que o levará ao movimento da Bossa Nova brasileira no seio de uma América Latina marcada pela brutalidade dos regimes ditatoriais. Por sua vez, a Competição de Curtas conta com 41 filmes, entre os quais 6 produções portuguesas: Sombras da Manhã, Olha, Motus, Sopa Fria, Quase me Lembro e De Imperio. Algumas destas estarão também presentes na Competição Vasco Granja, que procura dar espaço a curtas-metragens portuguesas.
[Foto em destaque: Festival MONSTRA © Direitos Reservados]
Nuno Gaio e Silva