Há sempre muita expectativa em torno de festivais de cinema. Todos estão de certa forma ansiosos para que tudo vá bem. Realizadores, atores, jornalistas, entre outras figuras relevantes.
Para o simples espectador, há a perspectiva de que tem maior oportunidade de ver um filme bom, já que a seleção é feita por um júri sério e competente. E por isso, atrás de toda gala e toda pompa, há uma clara preocupação por trás, para que o evento seja bem sucedido. Muitos nomes estão aí em jogo.
Na 72ª edição do Festival de Berlim, o centro gravitacional da programação continua a ser a Competição, com os filmes que representam as melhores propostas do ano, reunindo um retrato do cenário do cinema contemporâneo e internacional. Estas são as obras que irão disputar os prémios mais prestigiados da Berlinale, como os Ursos de Prata e, naturalmente, o Urso de Ouro.
Entre os filmes mais aguardados, The Novelist’s Film, o novo do cineasta coreano Hang Sang-soo, a quem a Cinemateca Portuguesa homenageou com um longo ciclo na viragem de 2019 para 2020 (pouco antes da pandemia). O sul-coreano é notório pelo seu uso da metalinguagem em planos longos com zooms ins e zooms outs, que já fazem a montagem de uma cena que se dá diante de nossos olhos, sem cortes.
François Ozon, um mestre contemporâneo da intriga, também está em Competição com Peter von Kant, filme de abertura do Festival. Trata-se de uma adaptação com os géneros dos protagonistas trocados da obra de Fassbinder, As Lágrimas Amargas de Petra von Kant. Previamente, o cineasta já ganhou o Urso de Prata ao dirigir Catherine Deneuve e Isabelle Huppert, atriz que irá ser homenageada nesta edição do festival, em 8 Mulheres.
Adicionalmente, Paolo Taviani, que ganhou o Urso de Ouro com seu irmão em Cesare Deve Morire, no ano de 2012, desta vez apresenta Leonora Addio. É a sua estreia solo aos 90 anos de idade, após a perda do parceiro de trabalho. Parece que será algo surreal ambientado em Brooklyn, com uma trama ao redor de funerais. A regressar igualmente ao festival, juntam-se o vencedor do Urso de Prata de Melhor Realizador de 2002, o alemão Andreas Dresen, com o drama político Rabiye Kurnaz gegen George W. Bush, e o grande vitorioso da secção Encounters de 2021, Denis Côté, este ano com Un été comme ça.
De entre as 18 longas-metragens em competição, esperam-se também outras duplas promissoras, como em Both Sides of the Blade, de Claire Denis, com Juliette Binoche, e em Les passagers de la nuit, de Mikhaël Hers, com Charlotte Gainsbourg. Há, ainda, o talento novo da mexicana Natalia López Gallardo, com o seu primeiro filme, Robe of Gems, em exibição, bem como a obra sueca La ligne, de Ursula Meier, vencedora do Prémio Cinema – Melhor Longa-Metragem no Festival Internacional de Cinema AVANCA.
Todas estas obras terão a sua estreia mundial no Berlinale, à excepção de Call Jane, obra norte-americana da argumentista de Carol, Phyllis Nagy, exibida antes no mais recente Sundance Film Festival. Além disto, a diversidade artística é um dos principais focos por detrás dos curadores da Berlinale. No passado, cineastas como Jafar Panahi, Walter Salles e Paul Thomas Anderson já ganharam o Urso de Ouro, apenas para citar alguns.
Nesta edição, quase todos os filmes se passam fora do centro cosmopolita, na periferia, no campo, ou a seguir as viagens das personagens, nas suas viagens para longe de cidades, comunica o diretor artístico do festival, Carlo Chatrian. Por fim, será no dia 16 de fevereiro, na cerimónia de prémios a ocorrer no Berlinale Palast, que saberemos quais serão as obras e profissionais galardoados.
Chico Barbosa e Margarida Nabais