O meu caso (confirmado) de amor com o cinema
Discordo que as histórias de amor acontecem somente entre pessoas. A maior aventura romântica que já experienciei em toda a minha vida foi entre mim e o cinema. Essa paixão avassaladora atingiu o seu ápice, de uma forma que nunca pensei que seria possível, quando pisei pela primeira vez na Potsdamer Platz e vi ao longe o Berlinale Palast. Ao longo destes seis dias, minha afeição e sede pela sétima arte cresceu de maneira imensurável. Vivi coisas que nunca, nem nos meus melhores sonhos, pensei que fossem acontecer – tive a certeza que estava em um devaneio enquanto Martin Scorsese falava sobre crítica cinematográfica a poucos metros de mim.
O tempo na Berlinale passa apressado, em um ritmo frenético. Tentamos agarrá-lo, pausá-lo, mas ele insiste em escorrer pelos dedos. Durante quase uma semana, andávamos apressados pela cidade, a cafeína a correr pelo sangue e o desejo de ver o desenrolar de novas histórias no ecrã. Fora da sala escura, conversas sobre cinema emergiam a todo momento, em meio a risadas e a vontade constante de congelar o tempo.
Ficam as lembranças. Tenho de recordar-me a todo instante de que tudo aquilo foi real e não apenas uma ilusão. Dos dramas atuais às comédias, da sala do Berlinale Palast ao Verti Music Hall, sou e serei eternamente grata por essa oportunidade, que tanto me fez crescer e me ensinou. Participar do 74º Festival Internacional de Cinema de Berlim despertou sonhos que antes estavam adormecidos dentro de mim e me fez enxergar um lado do cinema no qual eu nunca tinha visto antes.
Graças aos filmes listados abaixo, o meu caso de amor confirmou-se ainda mais e, felizmente, não tem data para acabar.
- A Traveler’s Needs, Hong Sang-soo (2024)
- Who Do I Belong To, Meryam Joobeur (2024)
- Seven Veils, Atom Egoyan (2024)
- Spaceman, Johan Renck (2024)
- Suspended Time, Olivier Assayas (2024)
*O presente texto encontra-se escrito em português do Brasil.
[Foto em destaque: A Traveler’s Needs, de Hong Sang-soo © Jeonwonsa Film Co. Production]
Lílian Lopes