Categorias
73ª Berlinale (2023) Berlinale Críticas

Em Berlim, os limites do cinema testam-se nas secções Forum e Panorama

Este ano, Susana Nobre é a primeira a levar Portugal à Berlinale. A cineasta faz no Zoo Palast, dia 18, a primeira apresentação da sua nova longa-metragem, Cidade Rabat (uma produção da Terratreme, responsável também pelo seu último No Táxi de Jack). Centrado na viagem interior de cura e transformação de uma mulher que trabalha em cinema e que acaba de perder a mãe, o filme promete ser dos mais pessoais a compor a secção Forum do Festival de Cinema de Berlim. 

O Forum, que tem por objetivo expandir o entendimento do que é o cinema, será também palco para exibir filmes como os de James Benning (Allensworth) ou Claire Simon (Notre Corps). A extensão Forum Expanded, que sai da sala de cinema sem abandonar o cinema, organiza este ano, no espaço Arsenal, a exposição coletiva “An Atypical Orbit”, que inclui a participação do fascinante Eduardo Williams, que apresenta Un GIF Larguísimo.

O Panorama, a secção mais explicitamente queer, feminista e política do festival, regressa este ano, novamente sob a alçada do programador Michael Stütz, para atribuir o Teddy Award, o mais antigo e importante prémio do cinema queer. Quando surgiu, em 1987, distinguiu Pedro Almodóvar (A Lei do Desejo) e Gus Van Sant (pelas duas curtas-metragens Five Ways to Kill Yourself e My New Friend). 36 anos depois, 30 filmes de 35 países compõem um programa diversificado que arrancou já com o filme de abertura La Sirène, de Sepideh Farsi, animação que acompanha um adolescente iraniano que trabalha como estafeta e que procura o irmão desaparecido, após um ataque devastador de mísseis iraquianos.

A cultura club como lugar de libertação, hedonismo e inebriamento será representada em filmes como o elegíaco La Bête dans la jungle, de Patric Chiha, After, de Anthony Lapia, visão sobre as vivências parisienses aconchegadas pelo techno, e Drifter, de Hannes Hirsch, errância pelas profundezas das festas e kinks de Berlim que um jovem empreende após terminar a relação com o namorado. 
Mas nem só de festa se faz esta programação repleta de títulos sobre a comunidade LGBTQIA+. Ira Sachs (Keep the Lights On) volta à realização com Passages, que, através de um triângulo amoroso, refletirá sobre o narcisismo e a inveja. Já o thriller de Sam H. Freemer, Femme, promete a vingança de uma drag queen londrina, após se envolver numa sauna gay com aquele que brutalmente a atacou.

Flávio Gonçalves

[Foto em destaque: Cidade Rabat, Susana Nobre © Terratreme Filmes]

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *