Categorias
19º IndieLisboa Cinema Português Festivais de Cinema Indielisboa

IndieLisboa 2022: a mais robusta (e melhor!) Competição Nacional

Já se sente uma vibração muito positiva em redor do corvo do Indie. Prestes a revelar os novos filmes de Manuel Mozos (o único inédito), bem como de Rita Azevedo Gomes, Jorge Jácome, Inês T. Alves, Adirley Queirós e Joana Pimenta ou ainda Paulo Carneiro e Susana Sousa Dias, entre outros. 

Ainda faltam algumas semanas, mas começa já a sentir-se uma certa agitação em redor do IndieLisboa, edição 2022. Se é verdade que muito haverá para descobrir nas diferentes secções, a invulgar presença do cinema português motiva um destaque e atenção especiais. Não só por ser a maior Competição Nacional de sempre, mas sobretudo pelo elevado grau da qualidade que encerra.

Ao todo estarão nove longas metragens a concurso, numa seleção que teve em conta “obras de autores de gerações diferentes, com abordagens distintas entre si”, como informa o recente press release do festival, sublinhando a “prova de vitalidade que se vive actualmente no cinema português”. Aliás, em linha com a impressionante presença lusitana no festival de Berlim, que o CINEblog testemunhou em fevereiro passado. Não vale a pena escondê-lo, é mesmo uma das edições mais fortes de que há memória. Vamos então a eles?

© Ukbar Filmes – Super Natural


Talvez começar por dizer que o documentário Atrás dessas Paredes, de Manuel Mozos, é o único filme em estreia mundial, do qual pouco ou nada ainda se sabe. Até há pouco tempo em rodagem, o filme ainda não passou por qualquer festival internacional. Comecemos então pela embaixada que esteve presente na Berlinale: ao todo quatro filmes que exploram diferentes e belíssimos caminhos da realidade e do conceito do próprio cinema. Deixemo-nos contagiar pelo elegante jogo das palavras de O Trio em Mi Bemol, de Rita Azevedo Gomes, numa adaptação da peça de Éric Rohmer, em que dois actores ensaiam diálogos para um filme que marina na cabeça de um realizador. Teremos ainda Super Natural, vencedor do prémio FIPRESCI, em Berlim, por mérito próprio um sério candidato em qualquer festival que participe. Grande parte do seu fascínio, está na forma ‘super natural’ como Jorge Jácome funde essa coisa chamada cinema com essa coisa chamada ser humano.

Andreia Vieira em Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta © Cinco da Norte, Terratreme Filmes

Iremos ainda revisitar o endiabrado e politicamente engajado Mato Seco em Chamas, da dupla Adirley Queirós, um ex-futebolista profissional convertido em cineasta, e Joana Pimenta, artista visual portuguesa, evocando um cinema de resistência na região da periferia de Brasília, que “é mais um passo na direcção do cinema-comunidade”, como descreveu a Cátia Rodrigues, em fevereiro passado. A realizadora Inês T. Alves foi encontrar a motivação para o seu filme Águas do Pastaza, a partir da observação das crianças da comunidade Achua, residindo perto do rio Pastaza, entre o Equador e o Peru.

São também as crianças que motivam o trabalho Viagem ao Solde Susana Sousa Dias e Ansgar Schaefer. Uma vez mais usando imagens de arquivo familiares para reflectir sobre as experiências de crianças austríacas que viajaram da Áustria para Portugal, no pós-Segunda Guerra Mundial ou ainda Frágil, de Pedro Henrique. 

Em Via NortePaulo Carneiro investiga a nostalgia de um grupo de emigrantes lusos em redor da materialização do sonho em quatro rodas, ao passo que Rua dos Anjos propõe uma reflexão em torno do cinema e do sexo, como parte da vida e a arte de Renata Ferraz e Maria Roxo. 

Então e as curtas?

Ana Vilaça em By Flávio, de Pedro Cabeleira © Primeira Idade, Kometa Films

A programação encontrou também um adequado equilíbrio de propostas que reflectem a diversidade entre realizadores consagrados e uma nova geração. Entre os mais experientes, talvez Ico Costa seja o mas regular, desta vez, com a experiência da juventude moçambicana, em Domy + Ailucha – Cenas Kets! Teremos também a experiência de Pedro Cabeleira, o realizador do Entroncamento, que analisa em By Flávio, a curta que esteve a concurso para o Urso de Ouro na Berlinale, uma forma de “empoderamento intrépido”, como descreveu a Vera Barquero, do CINEblog. Maria Inês Gonçalves regressa com O Banho, uma “meditação sobre a magia de tomar banho”.

Teremos ainda o cinema em formato de curta, da autoria de Janine Gonçalves, com Às Vezes os dias, às Vezes a Vida, sobre a realidade e os desafios da vida de uma mãe dividida entre trabalhos diferentes. Azul, de Ágata de Pinho, com uma mulher a questionar dos limites da existência. Mistida fala-nos das diferenças entre gerações em registo de emigração, na proposta do luso-guineense Falcão Nhaga. Por fim, Pedro Neves Marques acompanha dois casais queer que lidam com questões de fertilidade em Tornar-se um Homem na Idade Média.

[Foto em destaque: © IndieLisboa]

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *